Homossexual, negro e pobre, João Francisco dos Santos (1900 – 1976), desfilou no bloco de rua Caçador de Veados em 1942 com a fantasia Madame Satã (do filme homônimo de Cecil B. De Mille) que inspirou seu apelido, no qual ficou conhecido até os dias de hoje. Costumava dizer que era bicha sim, mas nem por isso deixava de ser homem, vivendo entre festas e fantasias femininas e golpes de mestre capoeirista que era. Freqüentador assíduo do bairro da Lapa (reduto carioca da malandragem e boemia na década de 30), onde muitas vezes trabalhou como segurança de casas noturnas, cuidava que as meretrizes não fossem vítimas de estupro ou de agressão.
Madame Satã enfrentava a polícia, sendo detido por desacato à autoridade e preso várias vezes, chegando a ficar confinado no presídio da Ilha Grande, agora em ruínas. Lutou por diversas vezes contra mais de um policial, geralmente em resposta a insultos que tivessem como alvo mendigos, prostitutas, travestis e negros. É considerado uma referência na cultura marginal urbana do século XX.
A história de Madame Satã, marcada de polêmicas, autos e baixos, nos oferece uma lição de vida. Por isso, mereceu um filme, que leva seu próprio nome Madame Satã de 2002, interpretado pelo ator Lázaro Ramos. Vale a pena assistir. Queremos aproveitar e deixar também outra dica para quem estiver interessado em conhecer mais sobre personagens que, como Madame Satã, fizeram história e lutaram a favor da cultura afro e contribuíram para a diversidade brasileira.
Título original: (Madame Satã)
Lançamento: 2002 (Brasil)
Direção:Karim Aïnouz
Atores:Lázaro Ramos, Marcélia Cartaxo, Flávio Bauraqui, Felippe Marques.
Duração: 105 min
Gênero: Drama
Sinopse: Rio de Janeiro, 1932. No bairro da Lapa vive encarcerado na prisão João Francisco (Lázaro Ramos), artista transformista que sonha em se tornar um grande astro dos palcos. Após deixar o cárcere, João passa a viver com Laurita (Marcélia Cartaxo), prostituta e sua "esposa"; Firmina, a filha de Laurita; Tabu (Flávio Bauraqui), seu cúmplice; Renatinho (Felippe Marques), sem amante e também traidor; e ainda Amador (Emiliano Queiroz), dono do bar Danúbio Azul. É neste ambiente que João Francisco irá se transformar no mito Madame Satã, nome retirado do filme Madame Satã (1932), dirigido por Cecil B. deMille, que João Francisco viu e adorou.
[ Post desenvolvido pelo grupo: Ariane, Francie, Lilian Araújo, Renato e Stefanni ]
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